terça-feira, 6 de março de 2012

porquê o blog?

A Equitativa é um dos lugares mais lindos de Santa Teresa. Os micos, o verde, o silêncio e o barulho dos grilos somados às belezas das vistas do pão de açúcar e do Cristo Redentor, de braços abertos, são nosso maior patrimônio. A vida na Equitativa já foi de paz e permitia uma rotina de encontros com a natureza, perto da Floresta da Tijuca. 

O condomínio Equitativa é uma propriedade privada. Há  todo e qualquer tipo de registro público e privado capaz de demostrar essa condição. A propriedade vai do alto do morro, onde há um campo de futebol, que foi cedido para a Comunidade dos Prazeres, até o limite com a escola em frente a casa de festas. O terreno onde hoje existe a Equitativa pertenceu, inicialmente, no começo do século passado, ao "Hotel Internacional". No final da década de 40 a empresa de seguros Equitativa comprou as terras e, no início da década de 50, iniciou a construção do condomínio. Não era, nunca foi e nem nunca será um conjunto habitacional, ou uma ocupação, como querem fazer crer alguns. Houve uma massa falida mas todos os moradores que hoje vivem nesse local pagaram por suas casas (não que pagar ou não pagar desmereça alguém, mas é importante ressaltar que não há concessão do Estado nesse espaço). Na época da construção da Equitativa a favela era muito pequena, infinitamente menor do que hoje. 

Vale dizer que havia uma passagem de um vizinho do condomínio, que dava acesso aos Prazeres na década de 80 e foi fechada, por decisão do proprietário. O condomínio, naquele momento, gentilmente ofereceu o acesso até o alto do morro. Mas, passado muito tempo, a favela cresceu. Houve o domínio do tráfico, fase de silêncio perpétuo mesmo diante das violências mais absurdas (espancamento de um síndico que não se submeteu ao poder do tráfico, foi espancado em plena praça central, na década de 90). 

Mas no mais, a convivência entre comunidade e condomínio sempre foi, em geral, de respeito. Entretanto, como tudo que cresce demais, numa sociedade nada igualitária e nada horizontal como o Brasil, surgem problemas. Problemas por falta de compreensão e respeito de direitos, problemas por falta de solidariedade e problemas pela violência. Moradores ameaçados, funcionários sob a lei do silêncio. Como abuso, podemos citar os jovens da Favela que usavam o campinho pequeno para jogar futebol - mesmo tendo o campão a seu total dispor - e não permitiam que as crianças do condomínio jogassem bola dentro do espaço que é para ser o seu quintal. Hoje, o resultado disso, é o medo das crianças que não permite o uso do espaço.

Com a pacificação, a paz supostamente voltou a reinar. Seguiram-se os abusos do estacionamento - moradores estacionando em vagas destinadas aos condôminos. E o uso do estacionamento pela associação de moradores, que divulga o nosso endereço para o aluguel do campo de futebol ou, como dizem uns, a "arena dos Prazeres". 

Houve o episódio MTV, que fez com que os moradores dos Prazeres achassem que o Condomínio queria a quadra de volta. Não, o Condomínio não quer mais o campão. O campão já é da favela (embora o Estado ainda não tenha pago à Equitativa o valor devido pela desapropriação). Sobre esse episódio falaremos mais, nos próximos posts. 

Cansados de pessoas usando de forma equivocada e desrespeitosa o seu espaço, assim como dos despejos de lixo ao lado campinho (mesmo após inúmeras solicitações da sindica à SAMP para a remoção dos dejetos) os moradores decidiram fechar o portão, depois de muitas assembléias e exaustivas reuniões, que se prolongaram por meses.

Como dito acima, os moradores decidiram fechar o portão mantendo o acesso de pedestres e de veículos (inclusive do fornecimento de serviços como carregamentos de materiais de construção, saúde e outras necessidades dos moradores dos prazeres), evitando somente o estacionamento dos carros da comunidade dentro do condomínio. Não dá pra falar em violar acesso ou não permitir o acesso. A Equitativa sempre foi solidária. Ainda hoje moradores com deficiências físicas tem acesso ao elevador do condomínio. Os moradores da equitativa são, e sempre foram, solidários.

Mas o mesmo não podemos dizer de nossos vizinhos. E aqui começa uma série de posts, em nome da nossa luta. LUTA PELA PRESERVAÇÃO DA EQUITATIVA. O lugar que escolhemos pra viver, que nos é caro, que amamos. E quem ama, cuida. Com solidariedade, sim, mas  acima de tudo com respeito.